O escritor uruguaio Juan Carlos Onetti participou da renovação da literatura hispano-americana a partir da década de 1960. Mesmo em países de língua espanhola não alcançou fama considerável, mas sua importância diante do tradicionalismo seria decisiva. Nasceu em Montevidéu a 1º de julho de 1909. O pai era funcionário da alfândega e a mãe tinha ascendentes do Rio Grande do Sul. Em Buenos Aires foi vendedor de máquinas de escrever e, em 1933, publicou Avenida de Mayo – Diagonal – Avenida de Mayo, seu primeiro conto.
Em 1934, regressou a Montevidéu. Sua primeira novela, El Pozo, de 1939, foi bem recebida. O escritor uruguaio Ángel Rama comentaria que “este arisco, crítico, desolado texto, abre a narrativa contemporânea”. O protagonista e narrador é um fracassado e tenta fundar outra realidade. E acha que só pode ser compreendido por uma prostituta e um poeta. Diria Onetti: “Meus personagens podem ser qualificados de existencialistas antes de Sartre”.
No mesmo ano, começa a trabalhar na revista Marcha. Logo passa para a agência Reuters e é transferido para Buenos Aires. Em La Vida Breve, de 1950, considerado seu melhor romance, surgiria Santa María, cenário de livros posteriores, cidade provinciana e imaginária que ele aceitaria ver comparada com a de Faulkner, Yoknapatawpha. Para o crítico Emir Rodríguez Monegal, é o romance mais ambicioso e complexo de Onetti.
O escritor viveria na capital argentina até 1955, saindo após o golpe que derrubou Perón. Em Montevidéu seria diretor das bibliotecas municipais. Atingiria a maturidade com Una Tumba sin Nombre (1959). Uma mulher, Rita, acompanhada de seu bode, conversa com viajantes na estação ferroviária de Santa María. Ela morre e o doutor Díaz Grey recria sua história com testemunhos e invenções. Para este, uma história pode ser contada de mil formas. Não por acaso o texto é tido como metáfora do ato criador.
Visado pela ditadura, Onetti mudou-se para a Espanha. Em 1975, viriam Tan Triste como Ella y Otros Cuentos e o romance Dejemos Hablar al Viento. Com a indicação para o Nobel, em 1980, e com o Prêmio Cervantes, o reconhecimento se consolidaria. Mario Vargas Llosa disse ser ele “o primeiro escritor em língua espanhola a fazer uma literatura absolutamente moderna”.
O escritor passou os últimos anos em um apartamento em Madri e morreu de parada cardíaca em 30 de maio de 1994.
Texto de Mustafa Yazbek
Publicado originalmente em: #http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=10&i=4869
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